Após ter os áudios comprometedores vazados, que apontam a existência de pagamento de propina e desvio de dinheiro da saúde no GDF, a sindicalista Marli Rodrigues foi convidada a prestar depoimento durante a oitiva na CPI da Saúde do DF na manhã de quinta-feira (21/07) desta semana. Ela gravou conversas com o Vice-governador Renato Santana e o ex Secretário de Saúde Fábio Gondim.
O organograma
Ela apresentou um organograma feito à mão em maio, pelo ex-subsecretário de Infraestrutura e Logística da Secretaria de Saúde Marcos Júnior fez o documento enquanto explicava a ela as supostas irregularidades na pasta.onde o governador Rollemberg (PSB) e a mulher dele, Márcia Rollemberg, seriam os mentores de um esquema de corrupção dentro da Secretaria da Saúde do DF. “Existem duas frentes: uma comandada pelo senhor Rodrigo Rollemberg e a outra pela primeira-dama”, afirmou. Segundo a sindicalista, eles são os responsáveis por indicar os operadores do grupo dentro da pasta: Ricardo Cardoso, então funcionário do Ministério da Saúde, e Marcello Nóbrega, subsecretário de Logística e Infraestrutura de Saúde.
O motorista que virou subsecretário e rasgava notas de compra
A presidente do sindicato afirmou ainda que Marcello Nóbrega, que era motorista da primeira-dama foi indicado pela mesma ao cargo de atual Subsecretário de Infraestrutura e Logística da Secretaría de Saúde, segundo Marli, ele segurava os processos e atrapalhava o trabalho dos secretários que passaram pela pasta. Ele também foi o responsável por rasgar uma nota de empenho da compra de marca-passos, que posteriormente foram adquiridos com valor acima do mercado.
Ticket Car e a manutenção da frota
Segundo Marli Rodrigues, as investigações começaram a partir de um contrato de manutenção de veículos da Secretaria de Saúde, firmado pela Secretaria de Planejamento e Gestão com a empresa Ticktcar. Ela descreveu o estado atual das frotas e afirma que a empresa, responsável pelo reparo de 1,5 mil carros, recebia R$ 12 milhões por ano, o que era o suficiente para renovar toda a frota em 3 anos.
O kit dengue
Marli relatou à CPI, superfaturamentos na compra de kits contra a dengue por R$ 55 cada, quando o preço médio de mercado, segundo ela, varia de R$ 8 a R$ 22. A Secretaria de Saúde confirmou a compra dos kits apenas na gestão passada pelo valor de R$ 55 e informou que no atual governo foram comprados kits nos valores de R$ 8 e R$ 9.
Parlamentares pedem provas
Ao ser questionada sobre a documentação que comprova as denúncias apresentadas com as gravações, Marli Rodrigues afirmou que os documentos foram entregues ao Ministério Público, que a orientou a não entregar cópia à CPI da Saúde, com o intuito de não atrapalhar as investigações. O presidente da CPI, o Deputado Wellington Luís afirmou que, na condição de testemunha, ela deveria apresentar as provas que ela diz ter, e é de direito da CPI receber os documentos que ela entregou ao Ministério Público, a não ser que haja uma ordem judicial impedindo a entrega da documentação.
Faltou compostura na CPI da Saúde
O deputado Roosevelt Vilela (PSB), protagonizou o momento mais tenso do depoimento, chegando a se levantar e apontar o dedo para a sindicalista, acusando-a de estar preocupada apenas com disputas no poder. “Ela só trouxe fatos vazios, nada de concreto. Essa senhora está interessada apenas numa disputa por poder”, acusou. Ele pediu à CPI que solicitasse ao Ministério Público a documentação apresentada por Marli Rodrigues.
Próximos depoimentos
A CPI aprovou a convocação, ainda sem data definida, Marco Júnior, Ricardo Cardoso dos Santos e Vanderlan Vieira, citados como operadores do esquema.
Por Ana Comarú