Um menino de 15 anos aguarda há um ano por uma cirurgia no fêmur. Ele quebrou a perna brincando com os primos no dia 25 de janeiro do ano passado e está em uma cadeira de rodas desde então.
Segundo a mãe dele, Keli Lima, o adolescente foi atendido quatro vezes no Hospital Regional de Santa Maria, mas acabou sendo dispensado. Em todas as ocasiões ele ficou de jejum por 12 horas para fazer a cirurgia, mas o procedimento foi remarcado todas as vezes por falta de equipamento.
“Chegavam as enfermeiras e diziam que o material não tinha chegado. Deixava a criança lá de jejum o tempo todo, pra depois poder dizer que não tinha como. Nós ficamos lá 59 dias internados.”
A direção do Hospital de Santa Maria informou que está aguardando a chegada do material necessário para realizar a cirurgia.
O menino contou que sente falta de brincar com os colegas e de participar das aulas esportivas na escola. “Fazer meus cursos, jogar vôlei, fazer educação física”, disse. “A saúde e a educação do Brasil tão muito precárias.”
Para cuidar do filho, Keli disse que largou o emprego e que até buscou o Ministério Público, mas não obteve retorno. “Não tem pra onde correr nem pra quem pedir ajuda. A resposta é sempre a mesma, de que tem que esperar.”
Sem amparo do governo, ela fez um orçamento em um hospital particular: R$ 55 mil. O valor, segundo ela, é “muito alto” para a família, que vive com R$ 1,1 mil por mês.
“Graças a Deus agora, esse mês, meu marido começou a trabalhar. Mas desempregado, quando ele sentia dor tinha que ligar todo mundo pra pedir remédio, porque não consegue pegar no posto de saúde, tem que ser comprado.”
A cadeira de rodas que o filho usa é emprestada e o vizinho da família também cedeu uma muleta para o menino usar dentro de casa. “Antes a gente carregava ele nas costas pra levar pro quarto, pro banheiro”, contou Keli.
“Não tem pra onde correr nem pra quem pedir ajuda. A resposta é sempre a mesma, de que tem que esperar”, disse à TV Globo. “O governo não pensa no que a gente passa. Não se comove com o nosso sofrimento.”
Fonte: G1