Por Carlos Carone
Os servidores da rede pública de saúde continuam tendo de improvisar para driblar a falta de materiais básicos para o exercício de suas atividades. Desta vez, enfermeiros do Hospital Regional de Sobradinho (HRS), que trabalham no pronto-socorro e na ala pediátrica da unidade, foram obrigados a usar gaze e esparadrapos para cobrir o rosto e, assim, evitar possível contaminação durante os atendimentos.
Revoltada, uma servidora do hospital registrou, em imagens (foto abaixo), o momento em que atendia uma criança internada na unidade. “Sem máscara no HRS. O jeito é improvisar para trocar paciente”, diz a legenda da foto enviada ao Metrópoles na manhã de domingo (8).
A reportagem apurou que o atendimento do hospital chegou a ficar mais lento devido à falta de máscaras e outros insumos. “Com certeza, o serviço está sendo feito com mais lentidão e pode até não estar sendo feito na escala correta”, afirmou uma enfermeira, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
Improviso no atendimento
A servidora citou um exemplo de como as máscaras fazem falta na rotina dos atendimentos. Ela explica que, quando um paciente vomita, a técnica em enfermagem coloca a máscara e se prepara para trocar a roupa dele. “Isso seria o normal, mas, para fazer um improviso desses, o profissional demanda um tempo que não deveria existir. E as bactérias vão fazendo a festa”, alertou.
Sucessão de problemas
A situação não é isolada. Em outubro de 2016, o Metrópoles mostrou o caso do médico que, devido à falta de máscaras, também colocava gaze no rosto no Hospital Regional de Santa Maria. Na virada do ano, foi a vez de os servidores do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) denunciarem que estavam usando ventilador para ajudar a secar roupas da unidade. Na ocasião, faltava óleo para a caldeira do hospital.
Nos últimos meses, foram destacados outros problemas, como filas na madrugada para conseguir remédios de alto custo; cadáveres e alimentação de doentes sendo transportados no mesmo elevador no Hospital Regional da Asa Norte (Hran); necessidade de mutilar pacientes para que fosse possível fazer cirurgias com o material adequado; falta de água quente para o banho; e até cheiro de corpos se espalhando no ar devido à falta de refrigeração das câmaras mortuárias também no Hran.
Fonte: Metrópoles