Com a publicação da Portaria nº 386/2017 , que tem por objetivo organizar a nova estrutura dos prontos-socorros que integram a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, e da Portaria 408/2017, que organiza o fluxo interno em emergências hospitalares, muita coisa mudou. Porém, não resolveu em absolutamente nada o problema de quem procura atendimento nas urgências e emergências da rede pública de saúde do DF, pois continuam sendo jogados de um lado para o outro, e para os servidores a situação, como sempre, só piora.
Mudanças no atendimento
Com a nova estrutura das emergências, baseado na portaria nº 386/2017, o paciente que chegar ao pronto-socorro, só poderá ficar no PS por 24 horas. Após esse período, caso o paciente precise continuar internado, este será direcionado a Clínica Médica, Clínica Cirúrgica ou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, todavia, se não houver leito disponível, este permanecerá no PS e a equipe de plantão na Clínica Médica ou Cirúrgica terá que descer e prestar atendimento ao paciente no pronto-socorro.
Essa medida adotada pelo governo foi com intuito de fazer com que o Ministério da Saúde repasse o dinheiro destinado a manter os pacientes internados, conforme prevê a portaria, no qual os leitos dos Serviços Hospitalares de Emergência (SHE) são limitados em números e não recebem o faturamento de diárias de internação. Porém, ao fazer isso, o governo sacrifica os servidores plantonistas, uma vez que estes terão que “abandonar” os seus pacientes para dar suporte a outros pacientes em outro setor.
Em outras palavras, o governo está se preocupando apenas com o repasse do dinheiro, porém, o atendimento que será prestado ao paciente não está sendo levado em consideração pela Secretaria de Saúde. Baseado no déficit de recursos humanos dentro dos hospitais, ficará muito mais complicado para os servidores prestarem um atendimento decente ao paciente.
Se for levar em consideração esse dimensionamento, a SES irá descumprir a própria portaria, uma vez que este servidor terá que se desdobrar para dar conta da demanda, e de acordo com o dimensionamento de pessoal, a portaria nº 408/2017 prevê 1 técnico em enfermagem para cada 6 pacientes no SHE, 1 técnico para cada dois pacientes na Sala Vermelha e 1 técnico na sala de medicação para cada 20 leitos de retaguarda.
Atualmente os servidores já trabalham com déficit dentro dos hospitais do DF, qual será a mágica feita pela Secretaria de Saúde que fará com que esses profissionais consigam atender os pacientes além da demanda que atendem? Se hoje os servidores já estão sobrecarregados com o excesso de trabalho existente, como ficará a assistência desses novos pacientes se não houver novas contratações?
Portaria ping-pong
Além disso, a portaria dispõe que o paciente que recorrer às urgências e emergências para receber atendimento e for classificado como risco azul ou verde será encaminhado para a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua casa. Algo que poderia ser visto como bom poderá trazer sérios problemas à população, pois nesse processo de deslocamento do paciente do hospital para o centro de saúde, a classificação dele poderá evoluir fazendo com que o paciente venha a óbito.
A exemplo disso, temos o caso do diretor do Sinpro que faleceu após ter ficado rodando de um lado para o outro a procura de atendimento. Segundo informações publicadas pelo Metrópoles, primeiro o professor foi levado ao Hospital Regional de Sobradinho, mas acabou transferido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. De lá, novamente foi encaminhado ao HRS, onde ficou internado. Mas não se recuperou. Perto de meio dia, após uma parada cardíaca, foi registrada a morte do educador. Veja aqui.
Outro ponto que também deve ser considerado é o fato de os centros de saúde não funcionarem aos finais de semana, dessa forma, os pacientes que procurarem atendimento nos hospitais e também forem classificados como risco azul ou verde terão que ser direcionados as Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Porém, se o paciente for uma criança, como essa situação poderá ser resolvida, as crianças não poderão adoecer nos finais de semana, já que as Upas não dispõem de atendimento pediátrico?
A Secretaria de Saúde não pode permitir que esse tipo de situação aconteça, se o objetivo é implantar um programa de acordo com os preceitos do SUS, que garanta qualidade no atendimento, então que seja inserido da forma correta, e não faça da forma como está sendo feito, de qualquer jeito, só para sobrecarregar os servidores e mostrar números, que na realidade não condizem com a verdade.
Confira denúncia do Sindate na Rádio Ok
Ascom Sindate-DF

