Estudo apontou que imunização levou a queda de quase 90% nos casos de tumor no colo do útero entre mulheres vacinadas no início da adolescência.

Por ano, mais de 16 mil brasileiras são diagnosticadas com essa doença no Brasil, e cerca de 7 mil acabam morrendo.

No mundo, são 342 mil mortes por ano, sendo 90% delas em países de renda baixa e média, segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer.

Vale lembrar que o HPV é comum, bastante prevalente na população em geral. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que pelo menos 80% das mulheres e dos homens sexualmente ativos serão infectados por um ou mais tipos desse vírus em algum momento da vida.

Em 2017, um estudo do Ministério da Saúde apontou que metade dos jovens brasileiros tinham HPV — que é considerado o segundo maior agente causador de câncer nos humanos, atrás apenas do tabaco.

Por isso, a vacina é fundamental para mulheres e homens por ajudar a evitar tanto a infecção e a transmissão do vírus quanto o surgimento das lesões que podem se tornar câncer.

Como se contrai o HPV e quais são os sintomas?

HPV (sigla em inglês para papilomavírus humano) é um conjunto de vírus que podem infectar a pele e a mucosa de algumas partes do corpo feminino e masculino, como vulva, vagina, colo do útero, pênis e região perianal.

Segundo a Febrasgo, há mais de 200 tipos de HPV, sendo que cerca de 40 são capazes de infectar o trato genital de homens e mulheres, e 13 são considerados oncogênicos — ou seja, com altas chances de desenvolver infecções constantes e capacidade de causar câncer.

Dois tipos de HPV, 16 e 18, são responsáveis por cerca de 70% dos cânceres cervicais e lesões cervicais pré-cancerosas.

Já os tipos 6 e 11, apesar de não oncogênicos, aparecem em 90% das lesões (como papilomas laríngeos e condilomas genitais).

Os tipos de HPV de alto risco de virar câncer podem levar ao aparecimento de lesões de alto grau, mas a doença pode ser prevenida em praticamente todos os casos se essas lesões forem identificadas e tratadas de forma precoce.

O diagnóstico é geralmente feito durante exame clínico em consulta com ginecologistas, urologistas e proctologistas.

A segunda categoria, subclínica, demanda exames laboratoriais como citopatológico, histopatológico e biologia molecular (que detecta a presença do DNA do vírus).

Outras possibilidades são as lentes de aumento que ajudam a visualizar melhor as partes afetadas ou a aplicação de reagentes químicos de contraste como peniscopia, colposcopia e anuscopia. Tudo sempre feito por profissionais especializados.

Quem deve se vacinar contra HPV e onde está disponível?

Há duas vacinas disponíveis contra o HPV no Brasil, ambas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A bivalente (os dois tipos de HPV de alto risco: 16 e 18) e a quadrivalente (para dois tipos de baixo risco e dois de alto risco: 6, 11, 16 e 18). A vacina é feita com o vírus inativado e, portanto, não tem como causar a doença.

Em 2014, o Ministério da Saúde brasileiro adicionou ao Calendário Nacional de Vacinação a vacina quadrivalente, que ajuda a prevenir quatro tipos de HPV e proteger o organismo de lesões pré-cancerosas no colo de útero, na vulva e na vagina e do câncer do colo do útero.

Esse imunizante é oferecido gratuitamente no SUS em duas doses (com intervalo de seis meses entre elas) para todas as garotas de 9 a 14 anos e todos os garotos de 11 a 14 anos.

Há outros grupos da população que podem receber a vacina de graça no Brasil, em duas ou três doses, como mulheres imunossuprimidas de até 45 anos e jovens com HIV-Aids. Mais informações estão disponíveis no site do Ministério da Saúde.

A Anvisa aprovou o uso da vacina quadrivalente para mulheres de 9 a 45 anos e homens entre 9 e 26 anos, e o uso da vacina bivalente para mulheres entre 10 e 25 anos.