Por Marília Marques e Luisa Doyle
Um aposentado do Distrito Federal espera há um ano e três meses para retirar uma bolsa de colostomia, ligada ao intestino para coletar as fezes. A reconstituição do sistema digestivo deveria ter sido feita em maio de 2016, logo em seguida à cirurgia que retirou parte do intestino em razão de um câncer. Até esta terça-feira (12), ainda não havia data marcada para o procedimento.
Segundo a família, na época, a resolução do problema ficou pendente porque uma máquina de exames não estava funcionando. Meses depois, o paciente Carlos de Oliveira juntou dinheiro com amigos e fez a colonoscopia na rede privada. Mesmo assim, um outro exame ficou pendente porque, mais uma vez, o aparelho não estava funcionando.
A troca da bolsa de colostomia é feita a cada três dias. O material é entregue para descarte no Hospital de Base, e o acompanhamento do caso é feito por médicos no Hospital Regional de Sobradinho. Devido aos problemas de saúde, o aposentado parou de trabalhar e disse que quase não sai mais de casa.
Nova tentativa
Nesta terça-feira (12), uma funcionária do Hospital de Sobradinho trocou mensagens com uma sobrinha de Carlos. O primeiro problema alegado é a falta de anestesista. Depois, a funcionária fala que o aparelho para fazer o exame de colonoscopia está quebrado de novo.
Ao ser informada da reportagem, a funcionária diz que conversou com o médico e que ele informou duas datas possíveis para a cirurgia, em janeiro. Afirma, também, que poderia tentar “um encaixe”.
Em nota à TV Globo, a Secretaria de Saúde diz que os médicos “ainda estão avaliando” se a reconstrução intestinal do paciente é possível. O comunicado não informa data, e não diz porque levou 18 meses para dar andamento ao processo.
Final feliz
Em maio, o G1 contou uma história semelhante, e que só teve um final feliz após dois longos anos de espera. Desde 2015, o menino Pedro, de 4 anos esperava pelo mesmo tipo de cirurgia indicado ao paciente Carlos de Oliveira. A falta de um aparelho na rede pública de saúde impedia o procedimento. A cirurgia só foi possível quando um casal do Rio de Janeiro doou o material que faltava ao hospital depois de ler uma reportagem no G1.
A bolsa de colostomia foi implantada no garoto para corrigir uma malformação que obstruía o sistema digestivo e deveria ser retirada de cinco a seis meses depois. Mas mesmo com duas decisões judiciais favoráveis ao menino, a Secretaria de Saúde não disponibilizou o material necessário para que ele fosse operado.
Em fevereiro, a Secretaria de Saúde informou ao G1 que a compra do grampeador linear, material necessário que estava em falta, estava “em andamento” e que o procedimento seria agendado assim que o equipamento estivesse disponível. No dia 3 de maio, a pasta disse que não havia prazo para a compra do grampeador e, por isso, não havia como prever uma data para a cirurgia do menino.
“O grampeador linear não é um material disponível em estoque na Secretaria de Saúde. O processo de compra foi autuado e encaminhado ao Núcleo de Judicialização para providências quanto à compra. O procedimento só poderá ser realizado após a aquisição”, informou a secretaria no começo de maio.
Depois de ler reportagem do G1 sobre o caso, um casal carioca procurou o Hospital de Base para fazer a doação, mas foi tratado com descaso pela então gerente de medicina cirúrgica, Márcia Amorim.
Fonte: G1