Os itens são repassados pelo Ministério da Saúde, que alerta: o cenário não deve mudar
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza 17 tipos de vacinas. Dessas, sete estão em falta na capital federal. Os estoques estão zerados para hepatites A e B, antitetânica, antirrábica, difteria, tétano, coqueluche e a até a BCG — aplicada em recém-nascidos. Nos postos de saúde, avisos colados nas paredes alertam aos pacientes do desabastecimento. Os itens são repassados pelo Ministério da Saúde, que alerta: o cenário não deve mudar, pois apenas dois insumos serão repostos até o fim de fevereiro.
A reportagem percorreu centros no Plano Piloto, no Cruzeiro, no Paranoá e no Varjão. Por telefone, a reportagem entrou em contato com unidades de Taguatinga, Ceilândia e Samambaia e constatou o mesmo problema. A Secretaria de Saúde confirma a situação e diz que tenta regularizá-la.
O arquivista Márcio Oliveira, 33 anos, procurou o Centro de Saúde nº 12, na 208/408 Norte, para receber a terceira dose contra a hepatite B. Não conseguiu. “O jeito é pagar pela vacina na rede particular, senão vou perder as duas primeiras doses que tomei”, lamenta Márcio, que se vacinou durante uma campanha na Câmara dos Deputados, onde trabalha. Iolanda Cardoso, 24, está na segunda gestação e ainda não tomou a DTP, imunobiológico contra difteria, tétano e coqueluche. “Eu estou no quarto mês e devia ter recebido a vacina no mês passado, mas não tem em nenhum posto”, reclama. “A gente fica preocupada. É uma vida que eu estou carregando dentro da minha barriga”, afirma.
Diálogo
A Secretaria de Saúde confirmou o deficit. Segundo a pasta, os repasses dos insumos são feitos pelo governo federal e não há recursos para a compra com o orçamento próprio. “A secretaria permanece em constante diálogo com o órgão para regularizar o abastecimento”, garantiu, em nota. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) faz o planejamento de compra das vacinas no mercado internacional, já que não há produção nacional. Além dos 17 imunobiológicos do calendário básico, outras 10 variações especiais são disponibilizadas para grupos como os portadores de HIV e doentes crônicos.
Em outubro do ano passado, o Correio mostrou o mesmo problema. Na época, os repasses estavam atrasados por demora na produção do produto. Segundo o Ministério da Saúde, em fevereiro, o Distrito Federal recebeu cinco mil doses da vacina BCG; 12 mil da DTP (difteria, tétano e coqueluche); e 8 mil doses da pentavalente, todas correspondendo a 100% da demanda solicitada pelo Executivo local. Quanto à vacina antirrábica humana (VARH), a cidade recebeu 3 mil doses — 75% do solicitado.
Fonte: Correio Braziliense