Em desvio de função, técnica em enfermagem fazia remoção de paciente para hospital, se envolveu em acidente de trânsito e mesmo acidentada, teve que continuar a cuidar do doente que transportava.

Sindate e Coren apuram denúncias de insegurança no CAPS Samambaia

Por Kleber Karpov

A diretoria do Sindate foi acionada por servidores do Centro de Atenção Psicossocial – Samambaia (CAPS III Samambaia) (30/5), após uma técnica em enfermagem, se envolver em acidente, em veículo oficial do GDF, e não receber suporte da chefia do CAPS III Samambaia. O caso ocorreu enquanto a profissional transportava um paciente para o Hospital Regional de Ceilândia (HRC).

De acordo com os trabalhadores, ao comunicar sobre o acidente o psicólogo, chefe da unidade, Edemário Brito, que se encontrava em uma reunião, não deu atenção ao relato e sugeriu que “quem quisesse ajudar que o fizesse”. Ainda segundo os servidores, diante do descaso de Brito, os colegas do setor e o marido da técnica acidentada é que foram prestar assistência à servidora acidentada.

O vice-presidente do Sindate, Jorge Vianna, foi até o Hospital Regional de Ceilândia (HRC), para onde a servidora e o paciente foram levados pelos Bombeiros. Outras vítimas foram encaminhadas para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT).

Segundo Vianna: ”Ao chegar ao HRC, encontrei a servidora que reclamou de dor e estava com colar cervical”, observa Vianna ao se lembrar da possível omissão de socorro, relatada pelas servidoras, tanto da chefia do CAPS III Samambaia quanto da Secretaria de Saúde “e ainda estava como responsável pelo paciente que ela transportava para hospital quando aconteceu o acidente”, se indigna Vianna.

Na ocasião, Vianna instruiu a técnica em enfermagem registrar uma ocorrência na delegacia e em seguida fazer uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).

Para Jorge: “Esse caso chamou a atenção dos diretores do Sindate porque a técnica sofreu acidente, por transportar paciente do CAPS III Samambaia para o HRC, o que caracteriza desvio de função, já que a Secretaria de Saúde tem que disponibilizar motorista para isso, e também, pelo forte indício de omissão do chefe da unidade em prestar assistência a servidora daquela unidade.”, afirma Vianna.

INSEGURANÇA NO CAPS III SAMAMBAIA

No dia seguinte (31/5), o CAPS III Samambaia foi alvejado por tiros. Nesse caso, os servidores relatam que pode ter sido uma tentativa de homicídio contra um paciente que havia recebido ameaça de morte por parte de outro usuário internado na unidade em um possível acerto de contas.

Com medo os servidores registraram ocorrência na Delegacia de Samambaia e retornarem para o CAPS III Samambaia, sob escolta da Polícia Civil. Por orientação dos policiais decidiram manter o recinto fechado para garantirem a segurança de funcionários e de pacientes daquela unidade.

Na tarde dessa segunda-feira (2/6), Jorge, a diretora do Sindate, Josiane Jacob, acompanhados dos conselheiros do Conselho Regional de Enfermagem do DF, Adriano Araújo e Francisco Filho estiveram no CAPS III Samambaia para apurar os problemas relatados pelos servidores.

Na unidade se reuniram com Brito (chefe da CAPS III Samambaia), além da diretora regional de saúde, Dra. Paula, e pelo servidor, Dr. Paulo, lotado na Diretoria de Saúde Mental do Distrito Federal (DISAM) para discutirem sobre os problemas relatados naquela unidade.

Vianna alerta que há muito vem denunciando a questão da falta de segurança a que os servidores estão expostos nas unidades de saúde do DF. Segundo Vianna: “A Secretaria de Saúde vem inaugurando os CAPS, nas regiões administrativas, que recebem pessoas com transtornos psicológicos, viciadas em álcool e em drogas ilícitas; e até mesmo encaminhadas pela Justiça do DF, mas não oferece policiamento ou qualquer outro tipo de segurança aos servidores.” questiona Vianna ao lembrar que recentemente o Sindate denunciou problemas de segurança apontados por profissionais do CAPs Ceilândia.

Após a apuração por parte do Sindate e do Coren, as entidades devem tomar as medidas necessárias para evitar que esses problemas voltem a se repetir.