Foto: Rafella Felicciano/Metrópoles

O requerimento de quebra de sigilo telefônico não foi solicitado na mesma semana da audiência de Marcello Nóbrega. Ele será feito formalmente na terça-feira (23/08)

O ex-subsecretário de administração geral da secretaria de Saúde, Marcello Nóbrega, compareceu à CPI da Saúde nesta sexta-feira (19) para prestar depoimento sobre o suposto envolvimento ou participação em irregularidades em contratos da pasta do GDF. Seu nome foi mencionado em conversas gravadas, sobre suposta corrupção em contratos do governo.

Os principais questionamentos dos integrantes da CPI ao depoente se referiam a contratação de prestadores de serviços, com maior foco em relação a um contrato de empresa para manutenção de veículos, a Tíquete Car, que aparece nas gravações como um dos supostos esquemas de pagamento de propina e desvio de dinheiro. Nóbrega se defendeu afirmando ser apenas o responsável por demandar a contratação do serviço, mas negou participação ou influência na definição da modalidade de contratação e na empresa escolhida. Ele afirma que quaisquer irregularidades nos contratos são analisadas pelo Controle da SES-DF.

Como foi realizado o contrato da Tíquete Car
A empresa foi contratada por meio de adesão a ata de preço de um processo feito pela Polícia Rodoviária Federal para gerenciar a manutenção de toda a frota de veículos do GDF, inclusive as ambulâncias da secretaria de saúde. Os principais questionamentos do Tribunal de Contas do DF são sobre o possível direcionamento do termo de referência, que teria beneficiado a Tíquete Car, e também sobre a rapidez da contratação.

Nóbrega continuou negando qualquer participação ou conhecimento de irregularidade no processo e defendeu o modelo de adesão a ata de preço, como o mais adequado para o GDF e disse que o contrato de manutenção de veículos além de econômico, atende muito bem aos interesses do governo.

Quebra de siligo telefônico
Os deputados Wasny de Roure (PT) e Cristiano Araújo (PSD) estranharam a celeridade para a contratação da empresa Tíquete Car e fizeram várias perguntas sobre o trâmite do processo e uma reunião que teria sido feita à pedido de Nóbrega. Mas na maior parte das respostas, Nóbrega informou apenas que não foi o responsável pelas diversas etapas de contratação.

Não satisfeitos com as respostas, os parlamentares aprovaram o requerimento feito por Wasny de Roure, da quebra do siligo telefônico do depoente. “Então senhor Presidente (Wellington Luiz) eu quero aqui pedir a quebra do sigilo do telefone do senhor Marcello, porque a informação que eu tenho é que teria havido uma reunião entre o Igor Torkaski e o seu Marlon para tratar sobre tiquete serviço e nesse sentido eu não sinto tranquilidade na resposta do senhor Marcello, no que diz respeito a informação que eu tenho, de que esta gravação teria sido enviada ao senhor Marco Junior para acertar os comandos que nessa reunião teria havido” expõe Wasny.

O Deputado Roosevelt Vilela pediu licença para tecer um comentário, mas foi interrompido por Wasny de Roure, que pediu para que o parlamentar permitisse que Marcello Nóbrega, que deixou transparecer desconforto diante da decisão dos parlamentares, se pronunciasse. “Eu não tinha conversa com Igor Torkasi nem com Marlon sobre Tíquete Car” Quando questionado por Wasny se ele concorda com a quebra de siligo, Nóbrega responde “Eu não concordo porque esse assunto está mais do esclarecido aqui”.

O requerimento de quebra de sigilo telefônico não foi solicitado na mesma semana da audiência de Marcello Nóbrega. Ele será feito formalmente na terça-feira (23/08).

Currículo
Marcello Nóbrega fez questão de iniciar sua fala na CPI, descrevendo seu currículo, de fato, Nóbrega foi motorista de 1998 a 2003, enquanto estudava economia. Depois de se formar, trabalhou no Ipham e em outros cargos públicos, como Comissionado. Ingressou no governo pela subsecretaria de administração de próprios da secretaria de Administração, em março de 2015, mas pouco tempo depois foi deslocado para a subsecretaria de administração geral da secretaria de saúde e, logo em seguida, para a subsecretaria de logística e infraestrutura da mesma pasta.

Por Ana Comarú
Com informações de CLDF